quinta-feira, 24 de novembro de 2011


Pequenos trechos de uma vida já vivida...


...E o que eu te dei não foi nada
Nada do que você precisou neste tempo todo em que procurou
Um jogo de sedução
Emoções de momento
Quem te fez realmente amar?
Usei todas as minhas armadilhas, mas você foi duro na queda
Aquelas emoções que a lua nos trouxe...
E o céu, por vezes,esteve nublado para nos fazer crer na realidade
Os nossos corpos já não pedem mais a fantasia
Porque já não somos mais os mesmos que se liam
Porque o que te dei não foi nada do que você precisou nesses dias tão vazios
E o que eu te dei foi tudo o que tive no tempo todo em que não te achei...
(2006)





quarta-feira, 23 de novembro de 2011


...A vida é um código
Um imprevisível destino traçado
Somos fantoches que pensam saber
Vivemos em sonhos e não queremos acordar por medo da realidade
Estamos sempre em busca da razão de viver
Em busca da sorte, e de alguém que se encaixe perfeitamente à nós
Só que ninguém é perfeito e isso traz medo
Acho que quando descobrirmos o real sentido da solidão aprenderemos a compartilhar nossos também defeitos...
 Para J.F.T.C. em 2006

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pandora


Usar canetas em dias de teclas é mais complicado do que se imagina
Nem lembrava desta letra minha
Acabo de colocar o café no fogo, e o bebe no berço
Eu também não recordava de como minha rua se torna agradável quando chove
Hoje chove. E se não fosse o fato da curiosidade me levar até a frente de casa, eu perderia aquela lembrança
Decidi escutar músicas que deixei guardadas há um bom tempo, isso me remeteu ao papel
Eu era, eu fui assim, tão rápida no gatilho das letras, na velocidade do meu inesgotável pensamento
Quero provar desse sabor novamente
O café é amargo. Não preciso de açúcar com tantos outros venenos em meu sangue
E eu gosto assim mesmo
Tanto quanto gosto desse som enferrujado que ecoa agora
A minha essência fica dentro de uma xícara, na nota aguda ou grave do som, fica no seio que amamenta meus filhos
Não quero perde-la e nem atirá-la aos pobres de espírito. Quero apenas vive-la
Meu problema é viver tudo de um modo muito intenso
Nem sempre deveria ser assim. Nem sempre eu vou estar pisando em pedras firmes
Apesar de que eu preciso esperar pelo novo dia, eu preciso descobrir o que me levou até o amanhã
Às vezes eu me pergunto se estou realmente acertando, se consigo ser  lida como me leio
Mas a cabeça de um escritor é um mistério, uma caixa de Pandora, que coincidentemente fora aberta por curiosidade, tal qual a minha nesse contexto
Meus cafés serão eternamente amargos. Não que eu não goste do doce, não que eu prefira o lado menos agradável. Mas é o puro do sabor que me atrai, nem todas as salivas irão trazer bons beijos
Chove
E eu fui espiar a rua. Que por sinal, está um tanto mais harmoniosa
O bebe acordou, e eu vou voltar a minha única razão constante, ser mãe
Acho que consegui, acho que ainda me recordo de como ser quem eu sou
Bem vindo caderno!
Bem vinda caneta! E obrigada café amargo!






segunda-feira, 14 de novembro de 2011


Eu não posso esperar você me seguir...
Eu preciso chegar lá
Eu gosto de você, gosto da sua companhia, e amo estar por perto
Mas entenda, meus sonhos são maiores...
Entenda meu bem... eu preciso estar lá
Eu não posso, não posso esperar enquanto você está ai, parado, esperando o acaso chegar
Meu bem, eu necessito voar
Não posso ficar aqui com essa eterna paciência
Mas entenda, as coisas são de um jeito tão improvável...
Não vou ficar sem meus sonhos
Entenda... eu preciso correr!
Gosto tanto de você, gosto de sua companhia, e também amo estar por perto
Mas eu agora vou voar...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Inconstância



Inconstância é meu nome.
Quero sair pela multidão, mas os olhos famintos por informação não me dão liberdade.
São muitos rostos expressando a monstruosidade comum.
Eles deixam-me um sopro de desespero no peito. Estão me olhando e eu ignoro suas mascaras velhacas.
Não suporto a mesmice desse quarteirão cheio. Remessa de banalidade acima do tudo.
Esperei o tempo me curar e sinto-me mais fraca. Não sei se é hoje, como foi ontem. Preocupa-me o amanhã.
Quero adorar o calor da massa, mas meu corpo teme não sei o quê.
Vozes frustrantes penetram em meus orifícios junto com o cheiro insuportável de esgoto humano.
Desprezo a presença dos mortos-vivos, e eles me observam.
Vêem a minha vida morta por meus instantes esquizofrênicos.
Prefiro o vazio publico preenchido por mim.
Assim me desprendo de tolos olhos que querem saber demais e deixo pra traz a maldita fobia que me corroe.

Escrito em 2006

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Platônico Nosso de Cada Dia...



Os amores platônicos são os melhores.
Com certeza. Não que os concretos não valiam a pena, oh se valem... é que as paixões silenciosas nos dão mais vapor a vida.
Dão-nos uma força pra todos os dias imaginar e acima de tudo desejar.
Vem um desejo de ter, de ver, de sentir aquela carne, sentir o gosto e provar do cheiro. E isso não aconteceria se já a  tivéssemos em mãos.
Tudo o que é difícil se torna melhor, tem gosto de pecado, e um tom de safadeza, que todos nós deveríamos ter, mas se reprime por tabus ou discriminação.
Mas é claro, o abstrato não toma o real, é apenas uma simples comparação.
Acontece que tudo que envolver o imaginário, se faz mais apimentado do que realmente pode ser. Então, sonhar não será um crime, imagine se aquela paixão fosse tórrida durante uma vida inteira, nem teríamos tempo para platonizar, o que nos traria descontentamento.
Afinal somos seres humanos, eternamente insatisfeitos.
Viver é um risco, diário. Quem se cansa de inventar está há um passo de morrer. e as invenções da gente não podem nos trazer monotonia, tem de nos tirar dela.
Vamos viver mais, e desejar mais, no limite certo da coerência,  que é pra temperar a rotina, dar sabor ao dia a dia, e isso é tão gostoso...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011


O amor não escolhe sexo... cor, nem altura ou status.
O amor acontece quando estamos puros e completamente abertos para ele.
É um sentimento que nos transporta ao mais alto nível de bem estar.
Esse sentimento é dourado, é vermelho, e tem o aroma das jasmins.
Posso dizer que já conheci o amor.
Em muitas cores, em muitos cheiros.
Um deles está aqui, ao meu lado, me observando, quieto.
Ele tem o brilho da inocência nos olhos, ainda não descobriu a arte de ser impuro.
Acima de tudo, não me pediu para amá-lo. E talvez seja por isso que tem a certeza de que estarei sempre ao seu auxílio.
E o amor deve ser assim mesmo, leve, caridoso, sem enxergar o rosto, a forma em que se aplica.
Enquanto eu desta forma amar, estarei viva. Serei eu mesma. Eu amo, e amo muitas pessoas, sem ter receio de dizer, sem ter a timidez de admitir, posso me orgulhar, enfim, de dizer  “Eu te amo”.

sábado, 24 de setembro de 2011

 Comédia


A justiça divina implica em nos proporcionar a vingança mais doce possível.

Não é preciso mexer com os pauzinhos, somente lavar as mãos para um límpido aplauso.

Pode-se simplesmente rir da ironia vital, assim como pode-se sentir dó e perdoar.

Corações que foram amassados como papel se reformam em bronze.

Estamos em uma platéia e demoramos para saber que o esptáculo só existe porque também somos as estrelas.

Os descontrolados olham os ponteiros do tempo e não compreendem o porquê da pressa, mas continuam correndo.

Quem mais corre mais tropeça, e quem não corre, voa.

Os avoados se atrasam e precisam correr atrás dos ponteiros ligeiros.

Viria será, dos céus a açucarada comédia?

Não somos ninguém quando agimos por crédula capacidade vingativa.

Somos peças de um jogo enigmático. E quem joga é muito maior do que nosso ordinário rancor.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Eu Narciso


Meu corpo inteiro está pulsando e estou leve como uma pena de rouxinol.
Êxtase e compulsões na roda gigante do meu parque narcisista e secreto.
Fora do meu eu. Próxima da bestialidade.
Sinto-me boiar n'àguas ilusórias.
Tenho unhas de chocolate amargo.
Num sobe e desce na velocidade crítica das cigarras vem aquela sensação de flutuar.
É tão relaxante estar diante de mim mesma.
Espelho rabiscado de batom sem reflexo.
Roubei de mim a virtude de saber sofrer.

Hoje o dia chegou assim, um tanto frio... frio de pouco intenso, não de temperatura. E eu me senti um tanto desanimada, da vida, da rotina, do cotidiano. Um dia assim me faz parar as coisas motoras que me movem. Não é bom nem é ruim, é insosso. Começou a garoar, eu precisei recolher, as roupas, os tapetes, a extroversão. A parte boa é estar em harmonia com a vida, é estar em sintonia com a espiritualidade, mesmo tendo cá meus questionamentos. Minha casa é escura, não tem janelas focando um gramado longo cheio de árvores no quintal, e isso é tudo o que eu desejaria num momento assim, ver as gotículas pousando nas folhas verdes enquanto descanço num sofá. Hum... agora lembrei, a Primavera chegou! Eu gosto muito desta estação, esperava anciosa por tê-la, mas ela veio e eu nem comemorei... quanta falta de consideração a minha.
Eu li uma crônica da Maitê Proença onde ela se questiona sobre a influência da beleza diante de um escritor, se existe uma inspiração maior em quem vê a natureza exuberante através de sua janela, por exemplo, ou se quem olha de seu vidro e enxerga o concreto, o  humano, o cinza, terá bons rascunhos para expressar sua visão da vida. Deve ser indiferente, não é mesmo? Pois enfim, tanto faz se você abre ou não sua vidraça, a beleza estará ali, dentro de você, e às vezes ela se esconde de você mesmo,sendo necessário pensar e sentir um pouco mais para revê-la. Hoje eu busquei a inspiração longe das janelas, estou embaixo de lâmpadas...
Mas esta tarde recém começou, não vou me basear em um dia infértil. Afinal as flores só se exibem por terem uma fase de inflorescência.

sexta-feira, 4 de março de 2011

100 Sentido



Não precisa ter sentido
Nada faz sentido
O que eu quero mesmo é viver os sonhos que eu nunca tive
A exploração do meu mini-universo quer se iniciar
Não somos feitos de palha
Nem fomos inventados à toa
Cada sentido tem um porquê e podemos mais a cada minuto
Não precisa fazer sentido escrever letras que se combinem
Apenas aos olhos
Se o que realmente conta é os tons de dor que nos causam
Nem precisa estar esclarecido
Enquanto não se tiver coragem para encarar o fato
Deveríamos mesmo era saltar de braços-asas
Pra ver o mundo mais pequenino
Menos tempo
Menos amor
Menos paz
Menos descanso
Tudo o que traz menos vida deixar de lado
Hoje começa mais um dia
É de manhã
Hoje terminará...
Menos um
À noite
Escutar os barulhos de um nada será melhor do que sentir sentido em coisas redutíveis
Alessandra Silveira

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Olhos pardos...

Belo moreno que me tira dos enredos.
Pele morena que quero morder com carinho.
Argila de bronze que me enrosca o corpo todo.
Anjo de carne que assegura o vôo.

Segura teu premio, meu êxtase.
                                        Pega-me  como troféu das batalhas incansáveis.
Suja minha roupa com tua água benta.
Descobre o que quero lendo minha postura.

Pardo que colore os olhos gateados.
Rosto de dor esquecida pelo acaso.
Gosto de incerteza do itinerário.
Castanho olhar da noite que me cobre.

Prova do meu inesgotável louvor.
Sinta-me de uma maneira incomum.
Diferencia-te de mim.
Procura-me e acha-me em teus braços.

Marcante traçado de forma humana.
Doce impureza que me toma de semelhança.
Garoto que cresceu sem ter sido criança.
Tão caro como ouro ou mirra.

Faz-me mais mulher pra ti.
Traz-me a indolência de querer-te bem junto.
Afoga-te em meus seios de paixão.
Leva-me ao teu esconderijo sem dizer-me aonde iremos.





quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


Mas será mesmo que os anjos são crianças???
Cresci de um modo igual ao seu, porém fui menos lisonjeada.
Eu me perdi e ninguém me perdeu de vista. Fui longe nas pedras falsas e lisas, escorreguei e caí.
E agora me vejo vejo nua no colchão com o cheiro do passado. Cheiro gostoso de quem eu reconheci.
Sei que deveria estar feliz demais, mas a dor da perda ainda me corroe. E não por ele, por tudo, menos por ele.
Posso finalmente amar, posso sentir o que é o amor.
O calor que a solidão me tirou.
Posso viver por nós; ou morrer em seus braços.
Devagar irei às pedras firmes e seguras com a força de vontade de reconquistar o todo universo que ele habita.

Escrito em 1° de Março de 2007

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sonhos meus...

Eu sonhei tanto em uma noite que se esvaia pelas goteiras de chuva.
Eu sei que tivera sonhos ilustres de pérolas negras, sonhos de cor de bronze me bronzeando.
Triste fora o momento em que despertei, o instante em que perdi o ritmo da clarividência.
Quis eu chorar por recordar-me apenas do ilusório, o que não me levaria ao desejo de erguer-me.
Tantos sonhos, uns belos, outros dolorosos, não me deixam descansar a paciência.
Queria eu ser menos impulsiva diante das noites escuras que tanto me revelam projeções interrompidas pelo esquecimento.
Eu sonho tanto... e tanto eu deixo de sonhar que a um passo de estar acordada eu me remeto a falha mental.
Quero eu meus sonhos de volta.
Quero eu minhas viagens astrais.
Meus passos num mundo extraordinário.
Minhas pegadas diante do impasse do corpo adormecido.
Preciso lembrá-los, recordar os rostos que conheci, as palavras que ecoaram durante esses tantos desprendimentos.
Alessandra Silveira

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Brisa da Estação


Neste outono os sóis estão mais harmônicos.
E suas folhas secas ficam quietas no leito do chão.
Porque você lembrou.
O inverno está por vir e o calor permanece.
E suas chuvas vêm só pra dizer que as nuvens escuras se afastam.
Porque você notou.
Este outono já está indo mais pleno de esperança.
As suas árvores se renovarão tranquilas.
Porque você voltou.
E me trará o inverno mais florido.
E seu frio me acalentará enquanto você ficar.