quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Inconstância



Inconstância é meu nome.
Quero sair pela multidão, mas os olhos famintos por informação não me dão liberdade.
São muitos rostos expressando a monstruosidade comum.
Eles deixam-me um sopro de desespero no peito. Estão me olhando e eu ignoro suas mascaras velhacas.
Não suporto a mesmice desse quarteirão cheio. Remessa de banalidade acima do tudo.
Esperei o tempo me curar e sinto-me mais fraca. Não sei se é hoje, como foi ontem. Preocupa-me o amanhã.
Quero adorar o calor da massa, mas meu corpo teme não sei o quê.
Vozes frustrantes penetram em meus orifícios junto com o cheiro insuportável de esgoto humano.
Desprezo a presença dos mortos-vivos, e eles me observam.
Vêem a minha vida morta por meus instantes esquizofrênicos.
Prefiro o vazio publico preenchido por mim.
Assim me desprendo de tolos olhos que querem saber demais e deixo pra traz a maldita fobia que me corroe.

Escrito em 2006

2 comentários:

  1. e quando a loucura toma conta,o suor percorre o corpo,calafrios na espinha, você esta sendo observado,cada passo,cada pequeno movimento,ate mesmo os seus pensamentos são rastreados...
    então você corre para casa em busca de proteção,mas mesmo em seus sonhos você não alcança a paz,e nunca está completamente só...(síndrome do panico)nao sei sobre oque exatamente escrevestes,mas me identifiquei profundamente.

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  2. é isso minha cara... a vontade reprimida de ser você mesmo, pelo malestar de estar sendo monitorada...
    que ótimo que se identificou!faz bem saber que não sou solitária nessa loucura!

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