Comédia
A justiça divina implica em nos proporcionar a vingança mais doce possível.
Não é preciso mexer com os pauzinhos, somente lavar as mãos para um límpido aplauso.
Pode-se simplesmente rir da ironia vital, assim como pode-se sentir dó e perdoar.
Corações que foram amassados como papel se reformam em bronze.
Estamos em uma platéia e demoramos para saber que o esptáculo só existe porque também somos as estrelas.
Os descontrolados olham os ponteiros do tempo e não compreendem o porquê da pressa, mas continuam correndo.
Quem mais corre mais tropeça, e quem não corre, voa.
Os avoados se atrasam e precisam correr atrás dos ponteiros ligeiros.
Viria será, dos céus a açucarada comédia?
Não somos ninguém quando agimos por crédula capacidade vingativa.
Somos peças de um jogo enigmático. E quem joga é muito maior do que nosso ordinário rancor.