Eu sonhei tanto em uma noite que se esvaia pelas goteiras de chuva.
Eu sei que tivera sonhos ilustres de pérolas negras, sonhos de cor de bronze me bronzeando.
Triste fora o momento em que despertei, o instante em que perdi o ritmo da clarividência.
Quis eu chorar por recordar-me apenas do ilusório, o que não me levaria ao desejo de erguer-me.
Tantos sonhos, uns belos, outros dolorosos, não me deixam descansar a paciência.
Queria eu ser menos impulsiva diante das noites escuras que tanto me revelam projeções interrompidas pelo esquecimento.
Eu sonho tanto... e tanto eu deixo de sonhar que a um passo de estar acordada eu me remeto a falha mental.
Quero eu meus sonhos de volta.
Quero eu minhas viagens astrais.
Meus passos num mundo extraordinário.
Minhas pegadas diante do impasse do corpo adormecido.
Preciso lembrá-los, recordar os rostos que conheci, as palavras que ecoaram durante esses tantos desprendimentos.
Alessandra Silveira