segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pandora


Usar canetas em dias de teclas é mais complicado do que se imagina
Nem lembrava desta letra minha
Acabo de colocar o café no fogo, e o bebe no berço
Eu também não recordava de como minha rua se torna agradável quando chove
Hoje chove. E se não fosse o fato da curiosidade me levar até a frente de casa, eu perderia aquela lembrança
Decidi escutar músicas que deixei guardadas há um bom tempo, isso me remeteu ao papel
Eu era, eu fui assim, tão rápida no gatilho das letras, na velocidade do meu inesgotável pensamento
Quero provar desse sabor novamente
O café é amargo. Não preciso de açúcar com tantos outros venenos em meu sangue
E eu gosto assim mesmo
Tanto quanto gosto desse som enferrujado que ecoa agora
A minha essência fica dentro de uma xícara, na nota aguda ou grave do som, fica no seio que amamenta meus filhos
Não quero perde-la e nem atirá-la aos pobres de espírito. Quero apenas vive-la
Meu problema é viver tudo de um modo muito intenso
Nem sempre deveria ser assim. Nem sempre eu vou estar pisando em pedras firmes
Apesar de que eu preciso esperar pelo novo dia, eu preciso descobrir o que me levou até o amanhã
Às vezes eu me pergunto se estou realmente acertando, se consigo ser  lida como me leio
Mas a cabeça de um escritor é um mistério, uma caixa de Pandora, que coincidentemente fora aberta por curiosidade, tal qual a minha nesse contexto
Meus cafés serão eternamente amargos. Não que eu não goste do doce, não que eu prefira o lado menos agradável. Mas é o puro do sabor que me atrai, nem todas as salivas irão trazer bons beijos
Chove
E eu fui espiar a rua. Que por sinal, está um tanto mais harmoniosa
O bebe acordou, e eu vou voltar a minha única razão constante, ser mãe
Acho que consegui, acho que ainda me recordo de como ser quem eu sou
Bem vindo caderno!
Bem vinda caneta! E obrigada café amargo!






Nenhum comentário:

Postar um comentário