quarta-feira, 6 de junho de 2012


"...Então os lábios abriram-se e deles brotaram inúmeras palavras; destas, algumas feriram, algumas penetraram feito lâmina cega. Corroeram os tímpanos abusando do meu silêncio.
Eu sabia que isso era o fruto dos anceios, dos inquietantes reflexos do pretérito.
Sabia que meus ouvidos suportariam mais do que insignificantes cenas de um passado remoto.
Me desculparia por escutar, mas já nem ouvia mais o que me feria. 
Conseguia ouvir os tons mais agradáveis que surgiam daquela boca, e eles me confortavam, me aliviavam quando se sobrepunham as futilezas dela ditas.
Tiros, balas que voavam de trás da língua.
Uma boca tão bela e perfeita que produzia mel e féu. Ambos caminhavam junto sem média entre eles. Juntos, paralelos, forçando-me a aceitá-los para assim poder tê-la; para assim poder sê-la..."

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